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quarta-feira, 21 de abril de 2010
O teu nome é Luto, aleluia!
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quarta-feira, 14 de abril de 2010
O teu nome é "Se", aleluia!
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O modo como o rabino Nicodemos se dirige ao Senhor Jesus é emblemático: «Rabi, sabemos que vieste de Deus como mestre; ninguém, de fato, pode realizar estes sinais que tu realizas, se Deus não está com ele» (Jo 3,2). Nestas palavras podemos ler uma grande admiração da parte de um membro com autoridade do sinédrio em confronto com este rabino itinerante proveniente da Galiléia. Mas podemos também adivinhar como, para Nicodemos, o critério de discernimento para avaliar uma pessoa esteja ligado aos «sinais» que ele realiza muito mais que – partindo dos sinais externos – buscar compreender o sinal que ele é como pessoa. A isto o Senhor Jesus reage prontamente e, em certo aspecto, brutalmente: «Em verdade, em verdade eu ti digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus» (3,3). Poderíamos comentar esta resposta do Senhor Jesus a Nicodemos, retomando o texto do salmo responsorial que a liturgia nos oferece: «Ri-se deles o que mora lá nos Céus, zomba deles o Senhor onipotente» (Sl 2,4). É claro que o Senhor Deus não ri de nós, mas como uma mãe que assiste os primeiros passos de seu próprio filho, sustentando-o nas suas inumeráveis quedas, vê e considera como nos custa tanto olhar a realidade desde dentro e não somente do exterior, como também a avaliar e incrementar a nossa mesma vida desde o profundo de nosso coração, e não da exterioridade dos gestos e palavras, tantas vezes maiores que nós, ao ponto de não expressar nada daquilo que verdadeiramente desejamos e do que realmente somos. Como explica Teodoro de Mopsuéstia, falando do batismo: «Quando se trata da geração natural, o seio da mãe é o lugar no qual se forma a criança, mas este se desenvolve até o termino pela potência de Deus que, desde a origem, o criou. Assim também, no evangelho, a água ocupa o lugar da mãe, mas é o Espírito a ser o Criador»[1].
Lá onde Nicodemos busca colocar-se, diante de Jesus, em uma situação de paridade e, até mesmo, com uma pitada de superioridade - «nós sabemos» (Jo 3,2) – o Senhor o chama a si mesmo e ao seu caminho pessoal de crescimento interior, que não se faz «em grupo», mas só e exclusivamente, assumindo o peso da própria solidão e da própria responsabilidade pessoal. Atingir a própria interioridade é o grande convite que o Senhor ressuscitado faz a cada um de nós, para poder, por nosso lado, viver a mesma experiência dos apóstolos e da Igreja nascente: uma abertura à profundidade de si mesmos permite-lhes serem fiéis a si mesmos e a não temer nenhuma ameaça externa. Quando somos capazes de viver à altura de nossa interioridade, então é claro que o Espírito não somente vive dentro de nós, mas nos regenera tão profundamente que a sua ação potente se torna perceptível: «Quando terminaram a oração, o lugar no qual estavam reunidos tremeu, e todos ficaram plenos do Espírito Santo, e proclamavam a Palavra de Deus com franqueza» (At 4,31).
Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 192-194.
[1] Teodoro di Mopsuestia, Commento su Giovanni II,2.
sábado, 10 de abril de 2010
O teu nome é Ignorância, aleluia!
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Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 145-147.
O teu nome é Enquanto, aleluia!
Uma outra vez, uma mulher nos abre o caminho para nossa compreensão e imersão no mistério pascal de Cristo Senhor, e é a mesma e diversa Maria de Magdala que, no Evangelho segundo João, assume um papel particular e está como que ao lado e de frente com o discípulo amado, como tipo do que todo discípulo é chamado a se tornar e viver. O contexto da ressurreição não é aquele do « terremoto» (Mt 28,2), assim como o encontramos no Evangelho de Mateus, mas aquele do íntimo tormento de um coração transbordando de amor que não consegue mais encontrar os sinais do amor. Antes de tudo, Maria está só e não em companhia da «outra Maria» (28,1). João prefere apresentar-nos a chegada dos apóstolos em dois ao sepulcro, depois das palavras que Maria pronuncia no cenáculo trancado, enquanto deixa que a mulher chegue sozinha e sozinha se encontre – antes e depois – no jardim que hospeda a tumba do Senhor, e onde poderá reconhecê-lo como ressuscitado somente depois de ter aceitado ser chamada pelo nome e levada para alem das doces margens da morte, nas quais esta mulher – como frequentemente cada um de nós arrisca fazer – deixou-se levar em um tipo de dor de auto complacência. Deste modo é colocado no seu relato, o quarto evangelista: «Maria estava no externo, próximo ao sepulcro, e viu dois anjos em vestes brancas, sentados um à cabeceira e outro aos pés, onde tinha sido colocado o corpo de Jesus» (Jo 20,11).
Maria vê através do véu das lágrima e por isso pensa não ver senão a própria dor, que se fez «vazio» pela morte do Senhor Jesus. Mas à sua visão vem em socorro a palavra ouvida em forma de pergunta, primeiro através dos anjos e depois pela mesma voz do Senhor Jesus, que lhe propõe, primeiramente, uma pergunta e depois a chama pelo nome. A tumba se torna, desta maneira, o símbolo do coração do discípulo: nela é preciso encontrar o Senhor, mas de um modo completamente novo e bem diferente de todas aquelas que são nossas expectativas que, não raramente, tornam-se ilusões espirituais. O duplo dirigir-se e re-dirigir-se de Maria nos revela qual caminho de conversão interior é necessário fazer para que os lugares da morte se transformem em um jardim, no qual se respirem os perfumes da primavera. Com Maria, primeiro, e depois com Simão Pedro, somos chamados a aprender a arte de deixarmo-nos questionar por aquilo que atravessa a nossa vida e a leva além de tudo aquilo que ela já nos tinha oferecido. Neste contexto, a palavra que Simão Pedro dirige à multidão reunida diante do cenáculo, na manhã de Pentecostes, assume uma nota particular: «Convertei-vos e cada um de vós se faça batizar em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo» (At 2,38). Não se trata de «fazer» (2,37), mas de aceitar viver o «enquanto» da nossa vida, como ela é, fazendo dela um lugar de contínua ressurreição, através de uma renovada e sempre mais plena relação com o Senhor Jesus, que não aceita ser prisioneiro de nenhuma tumba, e nos chama a segui-lo nos caminhos da vida, até bastante longe de nossas dores, muitas vezes tão amadas, porque nos dão seguranças. Não é Jesus o que está morto, mas é Maria a estar engalfinhada com a morte, e por isso o convite é lapidar: «Vai!» (Jo 20,17) exatamente lá onde nos encantaria escutar dizer: «Vem!».
Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 136-138.