São José, têmpera sobre madeira, Monastero San Lorenzo, Amandola, Itália 2001. |
José se mostra justo não enquanto observa a Lei que autoriza o divórcio em caso de adultério, nem porque se demonstra bom, nem porque ele deva prestar justiça a uma inocente, mas pelo fato de que ele não queira passar-se por pai do menino, Filho de Deus. Se ele teme tomar Maria como sua esposa, não é por uma razão profana; é porque ele descobre uma «economia» superior àquela do matrimônio que pretendia contrair. O Senhor modificou o seu desígnio sobre ele; que ele aceite de assegurar o futuro de sua eleita. José se retira, tendo o cuidado, na delicadeza da sua justiça para com Deus, de não «divulgar» o mistério divino de Maria. (...)
José não é somente um modelo de virtude, mas o homem que exerceu uma função indispensável na economia da Salvação. O justo José pode ser comparado a João, Precursor.
João anuncia e indica o Messias; José acolhe o Salvador de Israel. João é a voz que se faz eco da tradição profética; José é o Filho de Davi que adota o Filho de Deus. Por motivo de sua proclamação oficial, João é Elias, o grande profeta; por motivo do humilde acolhimento que ele faz ao Emanuel na sua estirpe, José é o Justo por excelência. Como todos os justos, ele espera o Messias, mas somente ele recebe a ordem de estender uma ponte entre os dois Testamentos; muito mais que Simeão que toma Jesus em seus braços, ele acolhe Jesus na sua própria estirpe. José reage como os justos da Bíblia diante de Deus que intervem na sua história: como Moisés que descalça as sandálias, como Isaías aterrorizado com a aparição do Deus três vezes Santo, como Isabel que se pergunta como a Mãe de seu Senhor venha até ela, como o centurião do evangelho, como Pedro que diz: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador» (Lc 5,8).
X.-L. Dufour, Studi sul vangelo, 103-108.
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