Zacarias é sacerdote, Isabel pertence à descendência de Araão. «Eram justos diante de Deus, observando, irrepreensíveis, todas as leis e prescrições do Senhor» (Lc 1, 6), e não obstante isso, parecem objeto de um castigo divino. «Isabel era estéril e ambos eram avançados em idade» (Lc 1, 7).
Tem-se a impressão de que a história de Abraão recomece de novo. Como acontece com Abraão e Sara, Deus mesmo intervirá com sua Palavra, e um Anjo será o seu mensageiro. (...)
A aparição de Gabriel no Santuário, durante o oferecimento da tarde, será finalmente o cumprimento próximo da profecia, anunciada no livro de Daniel, referente à vinda do Messias e à unção de um Santo dos Santos (cf. Dn 9, 20-27). E enquanto anuncia a Zacarias que suas orações foram atendidas, o anjo Gabriel, de pé ao lado do altar, descreve a missão do filho que Isabel lhe dará. Diz, antes de mais nada, o seu nome, que já é revelador: «João», que significa «JHWH faz graça».
Deus responde à oração do homem com a superabundância da sua graça. E Gabrel sublinha a alegria trazida pelo nascimento do menino; e já se tem um perfil da alegria messiânica que cumulará a espera de Israel. A consagração de João para uma missão particular é afirmada em termos que recordam a história de Sansão (cf. Jz 13, 4. 13-14) e a instituição do nazierato (cf. Nm 6, 3).
Esta missão consiste no caminhar diante ao enviado de JHWH com o espírito e a força de Elias, isto é, na qualidade de profeta. A plenitude do Espírito Santo que desce sobre ele, desde o seio materno, o coloca nas pegadas de Jeremias (Jr 1, 5), e o seu papel de reconciliador messiânico plenifica a esperança entrevista por Malaquias no final do Antigo Testamento (cf. Ml 13, 24): deve preparar o povo à instauração do Reino.
No momento no qual, para Israel, se anunciam estes dias decisivos, Zacarias se vê reduzido ao silêncio. Ele fez a mesma pergunta de Abraão: «como posso saber que será assim?» (cf. Gn 15, 8), mas sem a fé de Abraão.
Ele opõe a própria situação, assim como a vive, à Palavra Criadora de Deus. Como o primeiro Adão, exige um saber maior que a Revelação que lhe é concedida, mas a Palavra de Deus dá testemunho de si mesma: «quem deu boca ao homem? Ou quem o torna mudo ou surdo, vidente ou cego? Não sou, por acaso, eu, o Senhor? – responde Deus a Moisés, desconfiado e hesitante. – por acaso, não está aí Araão, teu irmão? Tu lhe falarás, e colocarás em sua boca as palavras que serão ditas» (Ex 4, 11. 14-15).
Uma mesma palavra de vida atravessa a carne dos dois esposos, tornando a uma, fecunda, e ao outro, mudo. Zacarias, reduzido ao silêncio, impotente de pronunciar a benção final, deve comparecer diante daquele – Único -- que pode pronunciá-la, e de levar até a plenitude a liturgia iniciada.
Depois, uma vez curado, Zacarias bendirá a Deus, mas a benção sobre o povo será dada, ao final do evangelho (Lc 24, 50-51), por Jesus, que Pedro chamará 'o servo enviado a trazer a benção' (cf. At 3, 26). (...) E com ela, cumprir-se-á, para além de toda esperança, a promessa feita por Deus a Abraão: «Em ti serão abençoadas todas as tribos da terra» (Gn 12 12, 3).
Tem-se a impressão de que a história de Abraão recomece de novo. Como acontece com Abraão e Sara, Deus mesmo intervirá com sua Palavra, e um Anjo será o seu mensageiro. (...)
A aparição de Gabriel no Santuário, durante o oferecimento da tarde, será finalmente o cumprimento próximo da profecia, anunciada no livro de Daniel, referente à vinda do Messias e à unção de um Santo dos Santos (cf. Dn 9, 20-27). E enquanto anuncia a Zacarias que suas orações foram atendidas, o anjo Gabriel, de pé ao lado do altar, descreve a missão do filho que Isabel lhe dará. Diz, antes de mais nada, o seu nome, que já é revelador: «João», que significa «JHWH faz graça».
Deus responde à oração do homem com a superabundância da sua graça. E Gabrel sublinha a alegria trazida pelo nascimento do menino; e já se tem um perfil da alegria messiânica que cumulará a espera de Israel. A consagração de João para uma missão particular é afirmada em termos que recordam a história de Sansão (cf. Jz 13, 4. 13-14) e a instituição do nazierato (cf. Nm 6, 3).
Esta missão consiste no caminhar diante ao enviado de JHWH com o espírito e a força de Elias, isto é, na qualidade de profeta. A plenitude do Espírito Santo que desce sobre ele, desde o seio materno, o coloca nas pegadas de Jeremias (Jr 1, 5), e o seu papel de reconciliador messiânico plenifica a esperança entrevista por Malaquias no final do Antigo Testamento (cf. Ml 13, 24): deve preparar o povo à instauração do Reino.
No momento no qual, para Israel, se anunciam estes dias decisivos, Zacarias se vê reduzido ao silêncio. Ele fez a mesma pergunta de Abraão: «como posso saber que será assim?» (cf. Gn 15, 8), mas sem a fé de Abraão.
Ele opõe a própria situação, assim como a vive, à Palavra Criadora de Deus. Como o primeiro Adão, exige um saber maior que a Revelação que lhe é concedida, mas a Palavra de Deus dá testemunho de si mesma: «quem deu boca ao homem? Ou quem o torna mudo ou surdo, vidente ou cego? Não sou, por acaso, eu, o Senhor? – responde Deus a Moisés, desconfiado e hesitante. – por acaso, não está aí Araão, teu irmão? Tu lhe falarás, e colocarás em sua boca as palavras que serão ditas» (Ex 4, 11. 14-15).
Uma mesma palavra de vida atravessa a carne dos dois esposos, tornando a uma, fecunda, e ao outro, mudo. Zacarias, reduzido ao silêncio, impotente de pronunciar a benção final, deve comparecer diante daquele – Único -- que pode pronunciá-la, e de levar até a plenitude a liturgia iniciada.
Depois, uma vez curado, Zacarias bendirá a Deus, mas a benção sobre o povo será dada, ao final do evangelho (Lc 24, 50-51), por Jesus, que Pedro chamará 'o servo enviado a trazer a benção' (cf. At 3, 26). (...) E com ela, cumprir-se-á, para além de toda esperança, a promessa feita por Deus a Abraão: «Em ti serão abençoadas todas as tribos da terra» (Gn 12 12, 3).
Ph. Bossuyt - J. Radermakers, Jésus Parole de la Grace selon saint Luc, 95-98.
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