quinta-feira, 9 de maio de 2013

TP 06 5 O teu nome é Alegria, Aleluia!

Catedral de São Pedro, Poitiers, França, séc. XII.
Enquanto em outras Igrejas, diferente daquela brasileira, celebra-se hoje a solenidade da Ascensão do Senhor ao céu, nós escutamos uma palavra que prolonga ainda a espera da realização e plenitude: «em verdade, em verdade eu vos digo: vós chorareis e gemereis, mas o mundo se alegrará» e ainda: «Vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se mudará em alegria» (Jo 16,20). Cesário de Arles recorda, de seu modo: «Sei que todos os homens desejam experimentar uma verdadeira alegria. Mas, engana-se muito que deseja gozar das colheitas sem cultivar o seu campo; engana-se a si mesmo quem quer recolher os frutos sem plantar árvores. Não se possui a verdadeira alegria sem a justiça e a paz. Ora, respeitando a justiça e a paz, fadigamos por um breve tempo, como que inclinados sobre um trabalho frutuoso»[1]. A confirmar este dinamismo está a mesma experiência dos apóstolos, assim como é narrada na primeira leitura.

Em poucas palavras, vemos que Paulo, unido aos outros discípulos, deve enfrentar toda uma série de mudanças e encarar as contínuas alterações de situações e de reações por parte daqueles que encontra em seu caminho. Mesmo assim, parece que a perseguição e a rejeição, que chegam mesmo às «injúrias» (At 18,6), não sejam nunca desconectadas de uma experiência de um ainda mais profundo acolhimento amoroso: «Estabeleceu-se na sua casa e trabalhava» (18,3). Talvez muitas vezes confundamos a alegria com a insensatez leviana e, ingenuamente, arriscamos sonhar uma vida sem dificuldades e sem provas a serem enfrentadas seriamente. O Senhor Jesus nos recorda que o segredo da alegria e a sua verdade estão justamente no processo de mudança, que faz da alegria um fruto maduro e consciente. Raramente, enquanto saboreamos o fruto, nos arrependemos do longo processo de transformação que lhe está por detrás! Assim também, quando olhamos a nossa vida e a daquelas pessoas que nos são queridas, arriscamos de desejar para nós uma alegria que não está enraizada na fadiga do crescimento e da transformação, e fazer dela uma quimera.

Ao final da primeira leitura, lemos que «muitos dos coríntios, escutando Paulo, acreditavam e se faziam batizar» (18,8). Penso que seja legítima a pergunta sobre como é possível que, em Atenas, o Apóstolo teve pouquíssimo sucesso e, em Corinto, ao contrário, sua palavra foi acolhida por «muitos». Talvez porque, em Corinto, a vida das pessoas fosse mais difícil e mais marcada pelo sofrimento de uma cidade portuária, muito menos aristocrática que Atenas, em seu tempo. Neste contexto, a palavra e o testemunho de Paulo foram capazes de gerar a esperança de uma alegria possível, mas não evidente. Esta é a alegria que nos é prometida pelo Senhor Jesus: não como um toque de varinha mágica, mas coo um desafio que nos compromete radicalmente, porque é ligada a um caminho e a um processo: «Mudar-se» (Jo 16,20)!

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, maggio 2013, 94-96.




[1] CESARIO DI ARLES, Discorsi 166.

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