«O silêncio não se restringe somente no plano das nossas palavras – escreve Madeleine Delbrêl: existe aquele da Palavra de Deus, do Verbo de Deus feito carne, para que possa ser gritada a Palavra de Deus por tudo aquilo que faz de um homem um homem, para que ela seja escrita mesmo na sua carne». Parece fazer eco ao convite da constituição Sacrosanctum Concilium (nº 30), que faz parte das disposições conciliares sobre a participação ativa dos fiéis: «Observe-se, também, no devido tempo, o sacro silêncio». Esta solicitação provém principalmente do desejo dos fiéis de interiorizar palavras e gestos das celebrações comunitárias. Reintroduzir «instantes de silêncio» significa favorecer o recolhimento, a meditação da Palavra ouvida, a oração interior de louvor e de agradecimento. É a instrução Musicam Sacram a indicar a função e a motivação de fundo do silêncio da liturgia: «Observe-se, no devido tempo. O sacro silêncio; por ele, de fato, os fiéis não são reduzidos a participar da ação litúrgica como estranhos e mudos espectadores: e sim se inserem mais intimamente no mistério que se celebra, em força das disposições internas, que derivam da Palavra de Deus que se escuta, dos cantos e das orações que se pronunciam e da união espiritual como o sacerdote que profere as partes que a ele cabem».
A introdução ao Lecionário disciplina este silêncio, prevendo os modos e os tempos. O silêncio deveria encontrar espaço depois da saudação, antes do ato penitencial, e preceder a proclamação da leitura: o leitor, pois, não deve subir ao ambão senão quando os ritos de introdução estiverem concluídos. Deste modo, a assembleia terá todo o tempo para sentar-se e predispor-se à escuta. São previstas breves pausas de silêncio entre as leituras: entre a primeira e o salmo responsorial; entre o salmo e a segunda leitura, entre esta e a aclamação ao evangelho. Neste caso, o diácono ou presbítero deverá esperar alguns instantes antes de levantar-se para a proclamação. Enfim, a liturgia da Palavra prevê uma pausa de meditação depois da homilia, para favorecer a interiorização das leituras e preparar a liturgia eucarística. Um último espaço de silêncio segue a comunhão. Caso singular, o silêncio abre a liturgia na Sexta-feira Santa: «O sacerdote e os sacros ministros chegam ao altar e, feita a reverência, prostram-se por terra, ou se ajoelham: todos, em silêncio, oram por um breve tempo». Como a liturgia, também o local da celebração deve ter um cuidado atento para os próprios espaços de silêncio, que se traduza em estar livre de excessivas decorações, dos múltiplos cartazes e frases escritas, de flores e plantas colocados sem critério, em qualquer lugar: não é multiplicando o número de enfeites, de fato, que se torna melhor o serviço da liturgia. Cultivar o silêncio representa, no fundo, uma explicação vivida do convite de Jesus a adorar o Pai em espírito e verdade(4,21.23-24). O silêncio, vivido com consciente profundidade na eucaristia, pode favorecer também uma «cultura do silêncio», uma espécie de hesicasmo moderno, que seria salutar, sobretudo na vida pessoal e nas relações sociais, nas quais, com frequência, dominam a agitação e a superficialidade: cultivar o silêncio significa exercitar-nos na atenção ao outro, examinar-nos para compreendermo-nos melhor e não nos fecharmos em nosso narcisismo, refletir sobre nossas escolhas e prever suas consequências. O silêncio cristão é, fundamentalmente, a consciência do mistério transcendente de Deus, revelado em Cristo: atitude adorante e maravilhado diante do Deus inefável, que revelando-se não dissolveu o seu mistério, mas o tornou participável.
A introdução ao Lecionário disciplina este silêncio, prevendo os modos e os tempos. O silêncio deveria encontrar espaço depois da saudação, antes do ato penitencial, e preceder a proclamação da leitura: o leitor, pois, não deve subir ao ambão senão quando os ritos de introdução estiverem concluídos. Deste modo, a assembleia terá todo o tempo para sentar-se e predispor-se à escuta. São previstas breves pausas de silêncio entre as leituras: entre a primeira e o salmo responsorial; entre o salmo e a segunda leitura, entre esta e a aclamação ao evangelho. Neste caso, o diácono ou presbítero deverá esperar alguns instantes antes de levantar-se para a proclamação. Enfim, a liturgia da Palavra prevê uma pausa de meditação depois da homilia, para favorecer a interiorização das leituras e preparar a liturgia eucarística. Um último espaço de silêncio segue a comunhão. Caso singular, o silêncio abre a liturgia na Sexta-feira Santa: «O sacerdote e os sacros ministros chegam ao altar e, feita a reverência, prostram-se por terra, ou se ajoelham: todos, em silêncio, oram por um breve tempo». Como a liturgia, também o local da celebração deve ter um cuidado atento para os próprios espaços de silêncio, que se traduza em estar livre de excessivas decorações, dos múltiplos cartazes e frases escritas, de flores e plantas colocados sem critério, em qualquer lugar: não é multiplicando o número de enfeites, de fato, que se torna melhor o serviço da liturgia. Cultivar o silêncio representa, no fundo, uma explicação vivida do convite de Jesus a adorar o Pai em espírito e verdade(4,21.23-24). O silêncio, vivido com consciente profundidade na eucaristia, pode favorecer também uma «cultura do silêncio», uma espécie de hesicasmo moderno, que seria salutar, sobretudo na vida pessoal e nas relações sociais, nas quais, com frequência, dominam a agitação e a superficialidade: cultivar o silêncio significa exercitar-nos na atenção ao outro, examinar-nos para compreendermo-nos melhor e não nos fecharmos em nosso narcisismo, refletir sobre nossas escolhas e prever suas consequências. O silêncio cristão é, fundamentalmente, a consciência do mistério transcendente de Deus, revelado em Cristo: atitude adorante e maravilhado diante do Deus inefável, que revelando-se não dissolveu o seu mistério, mas o tornou participável.
Semeraro, MichelDavid, Messa quotidiana – agosto, Bologna 2010, 544-545.
Nenhum comentário:
Postar um comentário