Lázaro e o rico que não via os pobres, à esquerda Abraão sentado com a alma de Lázaro no colo! Essa imagem de Céu como "colo" é fascinante! Portal da igreja de Moissac, séc. XIII, França. |
Possuímos uma vida do Espírito somente porque somos amados por Ele. E a vida espiritual consiste no receber o dom do Espírito Santo e a sua caridade, porque Jesus dispôs, no seu amor, que vivêssemos do seu Espírito, deste mesmo Espírito que procede da Palavra e do Pai, e que é o amor de Jesus por seu Pai.
Se conhecemos o quanto é grande o amor de Jesus por nós, não teremos nunca medo de caminhar para Ele, em toda nossa pobreza, nossa fraqueza, nossa miséria e nossa enfermidade espiritual. Mas, ao contrário, quando chegamos a compreender de que gênero seja o seu amor por nós, preferimos andar para Ele em vestes de pobres miseráveis. Não nos envergonharemos nunca mais de nossa miséria. A miséria se torna a nossa vantagem, quando não buscamos outra coisa que a misericórdia.
Podemos estar contentes de nosso estrado de indigência, se estamos verdadeiramente convencidos que a potência de Deus opera na nossa enfermidade.
O sinal mais seguro de que recebemos uma compreensão espiritual do amor que Deus tem por nós é o apreciar nossa pobreza à luz da sua infinita misericórdia.
Devemos amar nossa pobreza como a ama Jesus. Ela tem tanto valor aos seus olhos, que morreu sobre a cruz, para apresentar nossa pobreza ao seu Pai, e enriquecer-nos com os tesouros da sua misericórdia infinita.
Devemos amar a pobreza dos outros como a ama Jesus. Devemos vê-los com os olhos de sua compaixão. Mas, não podemos ter uma verdadeira compaixão pelos outros, se não estamos dispostos a ser objeto de compaixão e a receber o perdão pelos nossos pecados.
Não sabemos realmente perdoar se não conhecemos que coisa seja o ser perdoados. Deveríamos, pois, estar contentes de que nossos irmãos nos possam perdoar. É o perdão, dado reciprocamente, que torna manifesto, na nossa vida, o amor que Jesus tem por nós, porque no perdoar-nos reciprocamente, nos comportamos como os outros como Jesus se comporta conosco.
Th. Merton, Pensieri nella
solitudine, 29-30.
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