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Retorno ao Paraíso, Murais da Capela do Monastero San Lorenzo, Amandola, Itália. |
Adorando «em espírito e verdade» (Jo 4, 23), o homem fala e age não como aquele que compreende e possui com as suas forças, mas como aquele que é compreendido e pussuído, conquistado. A sua oração não impede a grande vitória do mistério do homem, não torna o homem «forte» contra o mistério; muito mais, na oração, o mistério se eleva sobre o horizonte estético cintilante das mais altas sensações humanas e, pela primeira vez, torna´se uma urgente exigência e uma chamado. De uma anônima presença no mudo pathos da comoção humana, o mistério passa, na oração, a tornar-se o «Emanuel», ganha plena força sobre todo o nosso ser, e não somente sobre a oculta profundidade e a vastidão transcendental do espírito, mas também, sobre a objetiva realidade física: sobre os pensamentos e as imaginações, sobre a palavra, sobre o olhar e seus gestos. O homem não tem mais nada que não corresponda à dominante promessa do mistério, nada que possa absolvê-lo de seu compromisso com ele. Rezando, de fato, o homem se despoja também da sua própria pobreza, e a entrega ao mistério. Este é o sentido mais profundo do falar humano: que nele não haja desvinculação do mistério, mas muito mais, que se entregue a ele; e pensando e falando, não se afaste do mistério, mas sim, o invoque, e com isto se coloque sempre à sua disposição.
Quando, na pobreza do seu espírito adorante, o homem aparece diante do rosto da divina liberdade, diante do impenetrável misterioso «Tu» de Deus, então ele é também introduzido na profundidade do seu eu insondável, da sua dignidade pessoal; então, em uma palavra, se cumprirá o seu tornar-se humano. Na adoração glorificante de Deus, o homem é levado, todo inteiro, diante e dentro de si mesmo. Porque, na realidade, ele não é outra coisa senão o que Deus deu a ele mesmo, a promessa de Deus, chamada e reunida à sua natureza.
A adoração é, pois, a mais alta plenitude do homem, a sua representação e atuação mais completa. Sacrificando tudo, também a propria pobreza, ousando, na oração, a pobreza da própria pobreza, o homem se torna «rico» e grande: «porque, quando sou fraco, justamente então, é que sou forte» (2 Cor 12, 10).
J.B. Metz, Povertà nello spirito, 69-71.
Um comentário:
Tornar-se humano, divinamente!
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