O silêncio não existe, em nossa vida, por si mesmo. É direcionado a alguma coisa. O Silêncio gera a palavra. Uma inteira vida de silêncio é direcionada a uma declaração definitiva, que não pode ser expressa em palavras, uma declaração de tudo aquilo pelo qual vivemos.
Vida e morte, palavras e silêncio, nos foram dadas por causa de Cristo. Em Cristo morremos para a carne e vivemos para o espírito. Nele morremos para as ilusões e vivemos para a verdade. Falamos para confessar Ele, e permanecemos em silêncio para meditar sobre Ele e entrar mais profundamente no seu silêncio, que é, ao mesmo tempo, o silêncio da morte e da vida eterna, o silêncio da noite da Sexta Feira Santa e a paz da manhã de Páscoa. (...)
Neste silêncio se esconde uma pessoa: Cristo, Ele mesmo escondido assim como é proferido, no silêncio do Pai. Se enchemos a vida de silêncio, então vivemos de esperança e Cristo vive em nós e dá muita consistência às nossas virtudes. Então, quando chegar o momento, nós o confessaremos abertamente diante dos homens e a nossa confissão tem um grande significado, porque radicou-se em um profundo silêncio. Este desperta, nas almas daqueles que nos escutam, o silêncio de Cristo, assim como também eles se tronam silenciosos, e começam a maravilharem-se e a escutar. Isto porque começaram a descobrir o se verdadeiro ser.
Se a nossa vida se expande externamente em palavras inúteis, nunca escutaremos nada nas profundidades de nosso coração, onde Cristo vive e fala em silêncio. Seremos sempre um nada e, ao final, quando chegar para nós o tempo de declarar que e quê coisa somos, nos encontraremos sem palavras no momento da decisão crucial: porque teremos dito tudo, e estaremos esgotados nos discursos, antes de ter tido alguma coisa a dizer.
Deve haver um tempo, no dia, no qual quem faz projetos, esquece os seus planos e age como se não os tivesse. Deve haver um tempo, ao longo do dia, no qual, quem deve falar está em absoluto silêncio e a sua mente não formula mais proposições, e ele se pergunta: elas tinham algum significado?
Deve haver um tempo, no qual, o homem de oração vai rezar como se rezasse pela primeira vez na vida; no qual o homem que tomou decisões, deixa-as de lado, como se fossem todas frustradas, e aprende uma sabedoria diferente: distinguindo o sol da lua, as estrelas da obscuridade, o mar da terra firme, e o céu noturno do dorso de uma colina.
No silêncio aprendemos a fazer distinções. Quem foge do silêncio foge também das distinções; não deseja ver demasiadamente claro, prefere a confusão.
Um homem que ama a Deus, ama necessariamente também o silêncio, porque teme perder o seu senso de discernimento.
Th. Merton, Nessun uomo è un'isola, 266-269.
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