quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Deus me criou

No retorno ao Tempo Comum da liturgia católica, Newman nos ajuda a recordar algo tão simples e essencial: nossa condição de criaturas amadas, escolhidas e à serviço! Esse homem de Deus consegue fazer-nos sentir a grandeza de nossa existência, mesmo em ordinários recipientes!

"Deus me criou para que lhe prestasse um serviço particular; confiou-me um trabalho que não foi confiado a nenhum outro. Tenho a missão, que não saberei nunca neste mundo, mas que me será revelada no outro. Não sei como, mas sou necessário aos seus fins, necessário no meu posto como um Arcanjo no seu; […] tenho uma parte nesta grande obra; sou o anel de uma corrente, um laço de parentesco entre as pessoas, Não me criou para nada. Farei o seu trabalho; serei um anjo de paz, um pregador de verdade, estando no meu lugar, sem ter a intenção, se somente observo os mandamentos e o sirvo na minha vocação.
Terei, por isso, confiança nEle. Em qualquer coisa que faça, ou onde quer que esteja, não posso jamais ser jogado fora. Se estou enfermo, a minha enfermidade pode servir a Ele; se estou na dor, minha dor pode servir a Ele. A minha enfermidade, ou perplexidade, ou dor, podem ser causas necessárias a um grande desígnio, o qual está completamente acima de nós. Ele não faz nada inutilmente; pode prolongar minha vida, pode abreviá-la; sabe aquilo que faz. Pode tirar meus amigos, pode atirar-me entre estranhos, pode fazer-me sertir desolado, pode fazer sim que o meu espírito se abata, pode manter-me sigilado o futuro, e todavia Ele sabe o que faz. […] Não te peço para ver, não te peço o saber, peço-te simplesmente estar colocado na obra". (7 de março 1848)
JOHN HENRY NEWMAN, Meditazione e preghiere, Jaca, Milano, 2002, 38-39.