sábado, 12 de março de 2016

Os modos do jejum

Detalhe do mural "Árvore da Vida" Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa, PR, 1991.
Precioso diante de Deus é o jejum puro: ele guardado como um tesouro no céu, é uma armadura contra o maligno e um escudo contra as flechas do inimigo. Não digo isto a partir de minha inteligência, mas das Sagradas Escrituras, que nos mostraram, anteriormente, como o jejum seja útil em todo o tempo, para aqueles que jejuam de modo autêntico.
O jejum, de fato, meu querido, não é somente abster-se de pão e água, mas existem muitos modos de observar o jejum…
Há quem jejue colocando um freio em sua boca, para não dizer coisas terríveis que machucam tanto, e quem jejue da ira e reprima o seu instinto para que este não prevaleça sobre ele.
Existe quem jejue de possuir para escapar de ser escravo das coisas, e quem jejue de qualquer tipo de travesseiro, para estar vigilante na oração.
Detalhe do mural "Árvore da Vida" Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa, PR, 1991.
Há quem, nas aflições, jejue das coisas deste mundo para não ser atingido pelo adversário, e quem jejue permanecendo de coração contrito, para agradar ao Senhor durante a aflição. E também existe aquele que faz de todos estes, um único jejum…
Detalhe do mural "Árvore da Vida" Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa, PR, 1991.
Escuta, meu querido, os exemplos de jejum puro. Antes de tudo, de fato, mostraram um jejum puro Abel com sua oferta (cf. Gn 4,3-4), Enoc que agradou ao seu Deus (cf. Gn 5,24; Eclo 44,16; Hb 11,5), Noé que permaneceu íntegro em uma geração corrupta (cf. Gn 6,9), Abraão que foi excelente na fé (cf. Eclo 44,19-21), Isaac pela sua conformação com a Aliança de Abraão (cf. Gn 26,24; Eclo 44,22), Jacó, por causa de sua misericórdia e de sua administração (cf. Gn 50,19-21; 41,38-40). Para todos estes, a sua pureza foi um jejum perfeito diante de Deus. De fato, sem pureza de coração, o jejum não é lhe agradável.
Recorda e vê, meu querido, que coisa excelente seja que um ser humano purifique o seu coração, guarde sua língua e impeça suas mãos de fazer o mal, conforme escrevi acima. Não funciona bem quando alguém mistura mel com absinto. Se alguém jejua do pão e da água, não deve misturar seu jejum com as cobiças e maldições. Uma é a porta de tua casa, que é o templo de Deus, e não está bem, ó homem, que a porta pela qual entra o rei, despeje lodo e podridão.

Afraat, o persa (270-346), Exposições 3,1-2.

2 comentários:

donaleo disse...

Senhor, através da Tua Presença em minha Vida, que eu jejue como um Justo!

D. João Paulo, OSB. disse...

Estamos experienciando um "jejum"?!