quarta-feira, 14 de abril de 2010

O teu nome é "Se", aleluia!


O modo como o rabino Nicodemos se dirige ao Senhor Jesus é emblemático: «Rabi, sabemos que vieste de Deus como mestre; ninguém, de fato, pode realizar estes sinais que tu realizas, se Deus não está com ele» (Jo 3,2). Nestas palavras podemos ler uma grande admiração da parte de um membro com autoridade do sinédrio em confronto com este rabino itinerante proveniente da Galiléia. Mas podemos também adivinhar como, para Nicodemos, o critério de discernimento para avaliar uma pessoa esteja ligado aos «sinais» que ele realiza muito mais que – partindo dos sinais externos – buscar compreender o sinal que ele é como pessoa. A isto o Senhor Jesus reage prontamente e, em certo aspecto, brutalmente: «Em verdade, em verdade eu ti digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus» (3,3). Poderíamos comentar esta resposta do Senhor Jesus a Nicodemos, retomando o texto do salmo responsorial que a liturgia nos oferece: «Ri-se deles o que mora lá nos Céus, zomba deles o Senhor onipotente» (Sl 2,4). É claro que o Senhor Deus não ri de nós, mas como uma mãe que assiste os primeiros passos de seu próprio filho, sustentando-o nas suas inumeráveis quedas, vê e considera como nos custa tanto olhar a realidade desde dentro e não somente do exterior, como também a avaliar e incrementar a nossa mesma vida desde o profundo de nosso coração, e não da exterioridade dos gestos e palavras, tantas vezes maiores que nós, ao ponto de não expressar nada daquilo que verdadeiramente desejamos e do que realmente somos. Como explica Teodoro de Mopsuéstia, falando do batismo: «Quando se trata da geração natural, o seio da mãe é o lugar no qual se forma a criança, mas este se desenvolve até o termino pela potência de Deus que, desde a origem, o criou. Assim também, no evangelho, a água ocupa o lugar da mãe, mas é o Espírito a ser o Criador»[1].

Lá onde Nicodemos busca colocar-se, diante de Jesus, em uma situação de paridade e, até mesmo, com uma pitada de superioridade - «nós sabemos» (Jo 3,2) – o Senhor o chama a si mesmo e ao seu caminho pessoal de crescimento interior, que não se faz «em grupo», mas só e exclusivamente, assumindo o peso da própria solidão e da própria responsabilidade pessoal. Atingir a própria interioridade é o grande convite que o Senhor ressuscitado faz a cada um de nós, para poder, por nosso lado, viver a mesma experiência dos apóstolos e da Igreja nascente: uma abertura à profundidade de si mesmos permite-lhes serem fiéis a si mesmos e a não temer nenhuma ameaça externa. Quando somos capazes de viver à altura de nossa interioridade, então é claro que o Espírito não somente vive dentro de nós, mas nos regenera tão profundamente que a sua ação potente se torna perceptível: «Quando terminaram a oração, o lugar no qual estavam reunidos tremeu, e todos ficaram plenos do Espírito Santo, e proclamavam a Palavra de Deus com franqueza» (At 4,31).

Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 192-194.


[1] Teodoro di Mopsuestia, Commento su Giovanni II,2.

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