Aparição aos Apóstolos e S. Tomé, Rolo do Exultet, séc. XII. |
A resposta, se for honesta, não é tão fácil. Habituados como estamos em deixar-nos convencer que a vida seja uma espécie de gincana feita de contínuos obstáculos a superar, é claro que nos é mais difícil acolher os sinais que dão às fadigas o fruto de uma alegria muito maior do que aquela que achávamos merecer. Neste sentido, a palavra que Simão Pedro dirige aos seus ouvintes, como comentário à cura, recém realizada, junto à Porta Bela do Templo, do paralítico que todos conheciam e que muitos ajudavam e socorriam na sua enfermidade, é iluminante. Esta palavra pode ser relida como um forte convite à viver uma conversão à alegria, que muitas vezes nos parece não somente difícil, mas até mesmo, um pouco perigosa, porque potencialmente ilusória: «O nome de Jesus deu vigor a este homem, que vós vedes e conheceis; a fé que vem dEle deu-lhe a perfeita cura, na presença de todos vós» (At 3,16). Os discípulos, talvez, estivessem planejando a sua vida à partir da morte do Senhor Jesus, como o paralítico estava habituado a ir, todos os dias, a pedir esmolas junto do Templo que, compreensivelmente, tinha se tornado o seu mundo, feito de ritmos, horários, de encontros conhecidos, aos quais se podia acrescentar alguma rara pequena novidade, como podia ser a passagem de Pedro e João... mas, como pensar que a morte e a paralisia não sejam irreversíveis? Também hoje, ainda hoje, o Senhor busca abrir a nossa «mente, para que compreendamos» (Lc 24,45) o que já o salmista magnificamente se pergunta: «Quem é o homem para que dele tu te recordes, o filho do homem, para que dele cuides?» (Sl 8,5). Mas é justamente assim: Ele cuida de nós! Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 154-156.
[1] Agostino, Discorsi 116.
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