Mosaico no Portal do duomo de Civiltà Castellana, 1210, Itália. |
O Senhor Jesus afirma solenemente: «Eu e o Pai somos uma só coisa» (10,30) e aqui está a origem do seu ser de todos e com todos, para saber e amar, no pensamento de suas ovelhas, a ideia que «elas me seguem» (10,27) por um motivo simples, mas fundamental: «Eu dou a elas a vida eterna e não se perderão eternamente, e ninguém as arrancará de minha mão» (10,28). A discussão com os judeus não para, ao contrário, se aprofunda. Eles tem finalmente a coragem de lhe perguntar, sem muitos truques: «Até quando nos deixarás na incerteza? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente» (10,24). A resposta do Senhor busca levar seus interlocutores para além das palavras, para abrir-lhes ao acolhimento de uma realidade que é feita de presença, de encontro, de troca... ou seja, de vida: «Já o disse, e vos disse, e vós não acreditais; as obras que realizo, em nome do meu Pai, elas dão testemunho de mim» (10,25).
À luz desta conversa entre Jesus e os judeus, poderíamos buscar compreender melhor que coisa implique o ser «chamados cristãos» (At 11,26). Parafraseando a pergunta colocada pelos judeus a Jesus, não é difícil imaginar aquela que é colocada a nós, como seus discípulos, e que poderia soar assim: «Até quando nos deixareis na incerteza? Sois ou não cristãos?». A resposta a esta pergunta não pode senão fazer referimento, mais que a palavras ou fórmulas, à integridade de uma vida que se deixa inspirar pela lógica pascal de Cristo Senhor. Um dos elementos, não só característicos, mas fundamentais do nosso discipulado, é uma boa dose de «incerteza» que nos torna pessoas em busca, como todos, e que faz de nossa vida, seja a nível pessoal que eclesial, uma realidade de «pórtico». Sob um pórtico nós estamos tanto protegidos como expostos! Unamo-nos no passeio de Jesus, Senhor e Pastor de nossas vidas, mantendo-nos continuamente disponíveis para os encontros e, até mesmo, sermos perturbados. Pois quando se passeia, se presume que se tenha tempo para dedicar não somente a nós mesmos, mas também aos outros.
Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 239-241.
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