Envio dos apóstoles às extremidades da terra, Mural superior, Umbertide, Itália, 2001. |
Este papel os faz sentir – um pouco pateticamente – mais próximos dos poderosos que eles deixam passar, sem darem-se contas de que, na realidade, estão mais próximos a quem, com tanta violência, não deixaram entrar, ao ponto de empurrá-los para fora. Não é assim para os discípulos do Ressuscitado, chamados a ser facilitadores e não porteiros rígidos e intransigentes. A evocação das «nobres senhoras piedosas», unidas aos «notáveis da cidade» que «suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram de seu território» (13,50) perturba, justamente, o sono de nossa boa consciência. O perigo é que nós – justamente nós – arriscamos ser como eles e não como Ele! Frequentemente nos colocamos em defesa de nossas amadas fronteiras interiores e exteriores, esquecendo assim o apaixonado dever de não só testemunhar até as extremidades da terra, mas de sermos capazes de evangelizar as extremidades de nosso coração, até atingirmos os extremos confins dos corações de todos. Poderemos assim intuir melhor que coisa podemos e devemos pedir, em obediência à exortação do Senhor Jesus, que ainda uma vez repete: «Quem crê em mim, também ele realizará as obras que eu realizo e realizará outras maiores que estas, porque vou para o Pai», e acrescenta: «E qualquer coisa que pedireis em meu nome, eu a farei, para que o Pai seja glorificado no Filho» (Jo 14,12-13). Estas palavra são a reação do Senhor Jesus à súplica de Felipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e basta» (14,8). A resposta do Senhor parece dizer que não basta e não deve bastar nunca. A graça da fé que recebemos é um convite constante a «extremizar-nos» continuamente, para dilatar, sem nunca estreitar, a luz do evangelho, que é para todos. Ai de nós se encolhermos o evangelho!
Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 275-276.
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