Cristo, particular do afresco de Masaccio, séc. XVI, Igreja NSra do Carmo, Florença, Itália. |
A liturgia não nos faz ler, neste dia, o outro referimento aos «doze» que se encontra a três versículos adiante desta solene evocação: «Por acaso não vos escolhi eu mesmo aos Doze? E mesmo assim, um de vós é um diabo! Ele falava de Judas, filho de Simão Iscariotes: este, de fato, planejava traí-lo, um dos Doze» (6,70). Tudo isto nos ajuda a compreender, de modo mais profundo, a palavra de Pedro, que reconhece em Jesus, «o Santo de Deus» e, justamente confessando isto, aceita continuar a seguir o Mestre, para aprender com ele a abrir-se a uma santidade difícil. Este tipo de santidade não é simplesmente observância de algum preceito particular ou prática de alguma devoção especial, mas um deixar-se nutrir pela companhia de Jesus, até o ponto de deixar-se transformar completamente, exatamente como faz o alimento que tomamos cada dia, para viver e não morrer. Se continuamos na leitura do texto, encontramo-nos confrontados pela reação dos «muitos discípulos» (6,60). Provavelmente, eles tinham sido entusiasmados pelo gesto da multiplicação dos pães e dos peixes e, ao mesmo tempo, profundamente escandalizados, porque sacudidos e interrogados pela atitude e pelo discurso de Jesus, depois que tinha realizado este sinal: «Esta palavra é dura! Quem pode suportá-la?» (6,60). Parece que o Senhor não esperasse outra coisa, para esclarecer a situação entre eles – ao que parece, não somente eram muitos, mas talvez, até mesmo demasiados – os que continuavam a segui-lo.
Olhemos a primeira leitura, na qual nos parece quase assistir o dinamismo contrário: a comunidade se dilata sempre mais, também por motivo dos sinais realizados pelos apóstolos, e Pedro levanta da morte «Tabitá» (At 9,40) depois de ter alçado de sua «maca» (9,33), Enéas. Mas, a primeira palavra da primeira leitura soa assim: «A Igreja estava em paz» (9,31). Parece que a paz que se vive no interno da comunidade seja o segredo da fecundidade da comunidade. A santidade se comunica e se revela através da paz.
Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 207-209.
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