sábado, 8 de novembro de 2008

Quem convido para meus banquetes?

Segunda-feira 31 do Tempo comum, anos pares

Flp 2,1-4; Sl 130; Lc 14,12-14

Convida!

O evangelho do Senhor Jesus Cristo ressoa hoje nos nossos ouvidos e no nosso coração com uma nota muito forte: «Receberás, de fato, a tua recompensa na ressurreição dos justos» (Lc 14,14). Meditando este versículo, nossa atenção não deveria cair sobre a «recompensa» mas muito mais sobre a «ressurreição». De fato, é exatamente a nossa relação profunda com a fé e a esperança na «ressurreição dos justos» a ser capaz de dar uma orientação de gratuidade e de verdadeira caridade à nossa existência, «sem buscar o próprio interesse, mas muito mais aquele dos outro» (Flp 2,4). Somos chamados pelo mesmo Senhor Jesus a reconhecer quanto seja fadigoso para nós não calcular o «recompensa» (Lc 14,12) ligada aos nossos atos, às nossas palavras, gestos... chegando mesmo às nossas intenções profundas e sentimentos mais ocultos. Não raramente, depois de um atento exame de consciência, devemos admitir que nossa vida de relação está muito ligada ao cálculo do que pode vir em troca. Um semelhante modo de oferecer «um almoço ou um jantar» (14,12) torna-se o contrário da sua aparência: ao invés de ser um lugar de encontro entre «amigos», torna-se em uma simples arena, na qual cada um, exteriormente, finge oferecer, mas quer simplesmente colocar as bases para tomar, apenas apareça a oportunidade, ou ainda, na esperança que o outro ofereça em primeiro lugar.

O apóstolo nos adverte e quase implora: «Se existe alguma consolação em Cristo, se existe conforto derivante da caridade, se existe alguma comunhão de espírito, se existem sentimentos de amor e de compaixão» (Flp 2,1-2) «convida pobres, coxos, cegos; serás feliz porque não tem como recompensar-te!» (Lc 14,13-14). Todos os «se» a que faz recurso o apóstolo encontram a solução somente na capacidade de não calcular nem as despesas, nem os possíveis ganhos do nosso oferecer a vida. Mas para fazer isto, em verdade, é necessário chegar àquela humildade, a única que consegue levar-nos a considerar «os outros, superiores a nós mesmos» (Flp 2,3). Enquanto consideramos alguém inferior a nós, eis que buscaremos, de todos os modos, «convidar» à mesa da nossa vida, aqueles que consideramos superiores a nós, os quais incitam «o espírito de rivalidade» (Flp 2,3) que o fundamento da mundaneidade. O espírito das bem-aventuranças evangélicas, o espírito da infância espiritual exige de nós, ao contrário, a atitude da «criança» (SL 130,2), que tem dificuldade para distinguir pobres dos ricos, mas que sente «na pele» «se existem sentimentos de amor e compaixão» (Flp 2,1). Entramos na lógica do Reino para evitar que, depois de ter convidado os ricos e notáveis, encontrar-nos sozinhos no dia das núpcias, como aquele rei (cf. Mt 22,8), o qual teve que, afinal – contra sua vontade – dirigir-se aos pobres.

Serão eles – os pobres – não somente a acolher-nos à porta do céu, mas muito antes, arriscam serem eles a acompanhar-nos à soleira da morte, para entrar gloriosamente no céu. Aqueles, de fato, que terão feito qualquer coisa em vista de uma «recompensa» (Lc 14,12), naquele momento supremo, não terão nenhum motivo para tê-los a seu lado. Uma pergunta se faz forte e imprescindível: acreditamos na «ressurreição»? Para responder a esta pergunta, para nada teórica, basta dar uma olhada a quem convidamos para a mesa de nossa vida!

Fratel Michel Davide OSB

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