quarta-feira, 8 de maio de 2013

TP 06 4 O teu nome é Chave! Aleluia!

Mosaico bizantino normando, Palermo, séc. XII. Itália.
Um longo texto de Simeão o Novo Teólogo pode acompanhar hoje a nossa meditação. Os textos do evangelho que lemos nestes dias pascais se tornam sempre mais insistentes no preparar os nossos corações para acolher o dom do Espírito, que nos «guiará a toda verdade» (Jo 16,13). O risco é de cair no mesmo fechamento dos cultos atenienses, os quais, na realidade, amavam tanto falar, mas não são capazes de escutar, e adiam simplesmente a sua recusa à palavra do apóstolo, porque não tem a coragem de declarar o seu fechamento: «Sobre este tema te escutaremos uma outra vez» (At 17,32). É um modo «sofista» de manifesta o próprio desinteresse, que se funda sobre uma pretensiosa autarquia mental e espiritual.

Assim explica Simeão: «A “chave da ciência” (Lc 11,52) não é outra coisa que a graça do Espírito Santo. Ela é dada pela fé. Com a iluminação, ela gera, de modo verdadeiramente real, o conhecimento de cada coisa. Abre também o nosso espírito obtuso e obscuro, frequentemente com parábolas e símbolos, mas também com afirmações mais claras. Prestai muita atenção ao senso espiritual da palavra. Se a chave não é boa, a porta não se abre. Porque, diz o Bom Pastor, “é a Ele que o guardião abre” (Jo 10,3). Mas, se a porta não se abre, ninguém entra na casa do Pai, porque o Cristo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Ora, é o Espírito Santo que, em primeiro lugar, abre o nosso espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e o Filho. Cristo nos diz ainda isto: “Quando ele virá, o Espírito de verdade que procede do Pai, ele me dará testemunho, e ele vos guiará à toda verdade” (Jo 15,26; 16,13). Vede como, por meio do Espírito, ou mais ainda, no Espírito, o Pai e o Filho se fazem conhecer, inseparavelmente. Se chamamos o Espírito Santo uma chave, é porque, por ele e nele, primeiramente, temos o espírito iluminado. Uma vez purificados, somos iluminados pela luz da ciência. Somos batizados do alto, recebemos um novo nascimento e nos tornamos filhos de Deus, como diz São Paulo: “O Espírito mesmo intercede com gemidos inexprimíveis” (Rm 8,26). E ainda: “Deus enviou nos nossos corações o Espírito de seu Filho que grita: Abbá, Pai” (Gl 4,6). É ele, pois, que nos mostra a porta, porta que é luz, e a porta nos ensina que aquele que habita na casa é também aquele que é inascessível»[1].

O nosso caminho para Pentecostes se faz mais intenso e é necessário que cada um de nós tome em suas mãos a chave para abrir o coração, com se fosse uma casa que acolhe o doce hóspede da alma, e não somente goza de sua presença, mas se deixa tranformar e iluminar por este mestre da «coisas futuras» (Jo 16,13) que está dentro. Não se trata então de adivinhar o futuro, mas de abrir-nos radical e generosamente à novidade de vida, da qual o Espírito Santo é animador.

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, maggio 2013, 86-88.




[1] SIMEONE IL NUOVO TEOLOGO, Catechesi 29.

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