segunda-feira, 18 de março de 2013

A Casta Susana, no livro de Daniel

Detalhe do Mural "Árvore da Vida", Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa PR, 1991.


13 1Havia um homem, de nome Joaquim,
que estava residindo na Babilônia. 2Era casado com uma mulher de nome Susana, filha de Helcias, mulher bonita e muito religiosa. 3Seus pais, gente correta como eram, ti­nham educado a filha na Lei de Moisés. 4Joaquim era um homem muito rico e tinha um espaçoso bosque junto à sua casa. Os judeus costumavam reunir-se ali, porque Joaquim era o mais respeitado de todos eles.

5Para aquele ano tinham sido nomeados como dirigentes, dois anciãos do povo, dos quais o Senhor disse: “A injustiça brotou na Babilônia, vinda dos anciãos que pareciam go­vernar o povo”. 6Essesdois freqüentavam a casa de Joaquim, pois era ali que as pessoas­ iam procurá-los quando tinham alguma coisa­ a resolver. 7Acontecia que, quando o povo ia-se embora, por volta do meio dia, Susana saía para dar umas voltas no bosque do seu marido. 8Os dois anciãos todos os dias viam Susana sair para dar seu passeio e assim co­meçaram a cobiçá-la. 9Perverteram o pensamento, desviaram o olhar para não enxergarem a Deus do céu, nem se lembrarem dos procedimentos corretos. 10Estavam os dois to­talmente caídos por ela, só que um não contava ao outro a sua paixão, 11pois tinham vergonha de revelar seus desejos de manter relação com ela. 12Todos os dias ficavam espe­rando ansiosamente pelo momento em que ela passeava. Certo dia disseram um ao outro: 13“Vamos para casa que já é hora do almoço!”­ Saíram e um para cada lado, 14mas logo em seguida deram meia volta e retorna­ram juntos­ ao mesmo lugar. Foram, então,­ obrigados a contar um ao outro o motivo pelo qual tinham voltado e acabaram confessando­ sua paixão. A partir daí, combinaram procurar juntos uma boa oportunidade de pegá-la sozinha.

15Estavam os dois à espreita de uma ocasião­ oportuna, quando, um dia, ela saiu só com as duas meninas, como nos outros dias, e teve vontade de tomar banho no bosque porque estava fazendo calor. 16Não havia mais ninguém, a não ser os dois anciãos que estavam escondidos observando Susana. 17Ela disse às meninas: “Tragam-me sabão e perfumes e fechem o portão do bosque que vou tomar um banho!” 18Fazendo o que a patroa mandara, as meninas fecharam os portões do bosque e saíram por uma porta lateral, a fim de buscar o que lhes tinha sido mandado, sem notar os dois anciãos, que estavam bem escondidos. 19Bastou as meninas saírem, os dois anciãos deixaram o esconderijo e foram­ ao encontro de Susana. 20Disseram-lhe: “Olha! Os portões do bosque estão fechados­ e ninguém está vendo a gente. Nós estamos te desejando, concorda com a gente: Vamos manter relações! 21Se não concordares, nós acusaremos que um rapaz esteve aqui contigo­ e que foi por isso que mandaste saírem as me­ninas.” 22Susana suspirou e disse: “A situação para mim está difícil por todos os lados: Se eu fizer isso aí, estou condenada à morte, se não fizer, sei que não escapo das mãos dos senhores. 23Mas prefiro dizer não, e cair nas mãos dos senhores, a cometer um pecado contra o Senhor”. 24Em seguida ela gritou bem alto, mas os dois anciãos também gritaram contra ela. 25Um dos dois correu e abriu os portões do bosque.

26O pessoal de casa, ao ouvir os gritos no bosque, veio correndo pela porta lateral, a ver o que tinha acontecido a Susana. 27Os dois an­ciãos contaram, então, a sua estória. Os em­pregados ficaram muito envergonhados, porque nunca tinham ouvido falar qualquer coisa­ desse tipo contra Susana.

28No outro dia, quando o povo se reuniu na casa de seu marido Joaquim, os dois anciãos vieram com a cabeça cheia de planos malvados contra Susana, a fim de condená-la à morte. 29Disseram, pois, na presença do povo: “Mandai chamar Susana, filha de Hel­cias, esposa de Joaquim!” Mandaram chamá-la. 30Ela veio e com ela vieram também seus pais, seus filhos e todos seus parentes. 31Ela era muito delicada e de bonita aparência. 32Su­sana estava com o rosto coberto. Aqueles­ canalhas mandaram tirar-lhe o véu só para po­derem inebriar-se com a sua beleza. 33Os que estavam ao lado dela e todos os que a es­tavam vendo puseram-se a chorar.
Detalhe do Mural "Árvore da Vida", Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa PR, 1991.
34Os dois anciãos ficaram de pé diante do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Su­sana.35Chorando ela olhava para o céu, pois seu coração confiava no Senhor. 36Disse­ram, pois, os dois anciãos: “Estávamos nós dois passeando pelo bosque, quando veio Susana, acompanhada pelas duas meninas. Logo depois ela fechou os portões do bosque e mandou as meninas se retirarem. 37Foi quando veio ao seu encontro um rapaz, que até então estava escondido, e se deitou com ela. 38Nós estávamos no outro canto do bosque e, ao vermos aquela imoralidade, corremos para o lado deles. 39Vimos os dois agarrados um ao outro, mas não pudemos segurar­ o rapaz, que era mais forte do que nós. Ele conseguiu abrir o portão e fugir. 40A Susana, porém, nós seguramos e perguntamos quem era o tal rapaz, mas ela não o quis dizer. É o que temos a testemunhar”. 41A multidão acreditou neles, pois eram anciãos do povo e, ainda mais, dirigentes. E decidiram condenar­ Susana à morte.
 
42Em alta voz, assim exclamou Susana: “Ó Deus eterno, que conheces o que está escondido, que tudo vês antes que aconteça, 43tu sabes muito bem que deram um testemunho falso contra mim! Vou morrer, mas sem ter feito nada daquilo de que me acusaram.”

44O Senhor atendeu ao seu clamor: 45No mo­mento em que era conduzida para a morte,­ o Senhor despertou o espírito santo de um jovem rapaz de nome Daniel. 46Ele gritou bem alto: “Não tenho nada a ver com a morte des­sa mulher, estou inocente!” 47O povo inteiro voltou-se para ele dizendo: “Que foi o que você disse?”

48De pé no meio deles assim falou Daniel: “Como sois idiotas, israelitas! Sem julgamento e sem formar uma idéia clara acabais de condenar à morte uma mulher israelita! 49Voltai para o tribunal! Foi falso o testemunho desses homens contra ela!” 50Todo o po­vo­ voltou correndo. Os anciãos disseram a Daniel: “Vem sentar-te no nosso meio e explica para nós, pois Deus já te deu maturidade suficiente.” 51Daniel disse: Colocai os dois um bem distante do outro, que vou julgá-los.­ 52Depois de terem isolado um do outro, Daniel disse ao primeiro deles: “Ó homem envelheci­do na malícia, agora teus pecados vão aparecer, tudo o que já vinhas praticando, 53ao dar sentenças injustas, condenando o inocente e deixando sair livre o culpado, quando a palavra do Senhor é : ‘Cuidado para não condenar­ à morte o inocente e o justo!’ 54Agora, pois, se viste mesmo, dize debaixo de que árvore viste os dois se entretendo?” Ele respondeu: “Debaixo de uma aroeira.” 55Daniel disse: “Pois mentiste exatamente contra a tua própria­ cabeça. O anjo de Deus já recebeu a ordem de serrar-te ao meio”. 56Depois de mandar em­bora este, Daniel fez vir o outro. Disse-lhe: “Geração de Canaã, não de Judá! A beleza feminina te desnorteou, a paixão te fez perder a cabeça. 57Era assim que fazíeis com as mulheres de Israel e elas, como medo, se entregavam aos vossos desejos, mas esta filha­ de Judá resistiu às vossas indecências! Dize-me, então, debaixo de que árvore apanhaste os dois se entretendo?” Ele respondeu: “Debaixo de um carvalho”. 59Daniel disse: “Pois acabas de mentir exatamente contra tua cabeça. Com a espada na mão, o anjo de Deus está esperando para cortar-te ao meio e acabar com os dois”. 60Toda a multidão começou a aclamar e dar louvores a Deus que salva os que nele confiam.

Detalhe do Mural "Árvore da Vida", Paróquia São Sebastião, Ponta Grossa PR, 1991.
61Em seguida todos se levantaram contra os dois anciãos, pois Daniel tinha provado por suas próprias bocas que eles estavam mentindo. Fizeram com eles o que queriam fazer com Susana, 62de acordo com a Lei de Moisés. Foi assim que naquele dia condenaram os dois à morte, salvando uma pessoa inocente. 63Por causa de sua filha Susana, Helcias e sua mu­lher, juntamente com Joaquim, o marido dela, e todos os parentes louvaram a Deus, já que nada de indecente se encontrou nela. 64Daniel,­ por seu turno, tornou-se grande diante do povo a partir daquele dia.
 

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