quarta-feira, 3 de abril de 2013

TP 01 2 O teu nome é Enquanto, aleluia!



O teu nome é Enquanto, aleluia!

Uma outra vez, uma mulher nos abre o caminho para nossa compreensão e imersão no mistério pascal de Cristo Senhor, e é a mesma e diversa Maria de Magdala que, no Evangelho segundo João, assume um papel particular e está como que ao lado e de frente com o discípulo amado, como tipo do que todo discípulo é chamado a se tornar e viver. O contexto da ressurreição não é aquele do « terremoto» (Mt 28,2), assim como o encontramos no Evangelho de Mateus, mas aquele do íntimo tormento de um coração transbordando de amor que não consegue mais encontrar os sinais do amor. Antes de tudo, Maria está só e não em companhia da «outra Maria» (28,1). João prefere apresentar-nos a chegada dos apóstolos em dois ao sepulcro, depois das palavras que Maria pronuncia no cenáculo trancado, enquanto deixa que a mulher chegue sozinha e sozinha se encontre – antes e depois – no jardim que hospeda a tumba do Senhor, e onde poderá reconhecê-lo como ressuscitado somente depois de ter aceitado ser chamada pelo nome e levada para alem das doces margens da morte, nas quais esta mulher – como frequentemente cada um de nós arrisca fazer – deixou-se levar em um tipo de dor de auto complacência. Deste modo é colocado no seu relato, o quarto evangelista: «Maria estava no externo, próximo ao sepulcro, e viu dois anjos em vestes brancas, sentados um à cabeceira e outro aos pés, onde tinha sido colocado o corpo de Jesus» (Jo 20,11).

Maria vê através do véu das lágrima e por isso pensa não ver senão a própria dor, que se fez «vazio» pela morte do Senhor Jesus. Mas à sua visão vem em socorro a palavra ouvida em forma de pergunta, primeiro através dos anjos e depois pela mesma voz do Senhor Jesus, que lhe propõe, primeiramente, uma pergunta e depois a chama pelo nome. A tumba se torna, desta maneira, o símbolo do coração do discípulo: nela é preciso encontrar o Senhor, mas de um modo completamente novo e bem diferente de todas aquelas que são nossas expectativas que, não raramente, tornam-se ilusões espirituais. O duplo dirigir-se e redirigir-se de Maria nos revela qual caminho de conversão interior é necessário fazer para que os lugares da morte se transformem em um jardim, no qual se respirem os perfumes da primavera. Com Maria, primeiro, e depois com Simão Pedro, somos chamados a aprender a arte de deixarmo-nos questionar por aquilo que atravessa a nossa vida e a leva além de tudo aquilo que ela já nos tinha oferecido. Neste contexto, a palavra que Simão Pedro dirige à multidão reunida diante do cenáculo, na manhã de Pentecostes, assume uma nota particular: «Convertei-vos e cada um de vós se faça batizar em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo» (At 2,38). Não se trata de «fazer» (2,37), mas de aceitar viver o «enquanto» da nossa vida, como ela é, fazendo dela um lugar de contínua ressurreição, através de uma renovada e sempre mais plena relação com o Senhor Jesus, que não aceita ser prisioneiro de nenhuma tumba, e nos chama a segui-lo nos caminhos da vida, até bastante longe de nossas dores, muitas vezes tão amadas, porque nos dão seguranças. Não é Jesus o que está morto, mas é Maria a estar engalfinhada com a morte, e por isso o convite é lapidar: «Vai!» (Jo 20,17) exatamente lá onde nos encantaria escutar dizer: «Vem!».

Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 136-138.

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