terça-feira, 9 de abril de 2013

TP 02 3 O teu nome é elevado, Aleluia! At 4,32-27; Jo 3,7-15.

Mulheres no Sepulcro levam seus dons de perfumes - Evangelho, 1315 n. 2930,  Armenia - f. 8v
A liturgia de hoje nos coloca diante de um grande contraste. O Senhor Jesus, falando com Nicodemos, revela com clareza uma verdade que permanece profundamente velada para seu interlocutor: «Assim, é necessário que o Filho do homem seja elevado, para que quem nEle crê tenha a vida eterna» (Jo 3, 14-15). Na primeira leitura, é revelado que significa participar existencialmente do mistério pascal de Cristo, e é expresso por um gesto que mostra a profunda transformação radical que acontece no coração daquele que crê: «Vendeu os seus bens e entregou a soma, colocando-a aos pés dos apóstolos» (At 4,37). O mistério pascal não é uma evidência provável e nem comprovada, mas é, ao contrário, e por muitos aspectos, felizmente, um germe que age no segredo cos corações e que se pode discernir somente pelo seu fruto, que é sempre um gesto de amor, de dom, de superação de si mesmo e de uma abertura sempre crescente de repartir, não somente os seus próprios bens, mas sua própria vida. Pode-se doar, natural e simplesmente, como Barnabé, somente se somos habitados e somos dóceis ao Espírito, capaz de dar ao coração do fiel aquela liberdade, sem a qual nenhum dom é possível, ou dificilmente é autêntico e capaz de dar alegria a nós mesmos e aos outros.

O dinamismo evangélico que anima a vida e as escolhas de Barnabé é aquele que o Senhor Jesus oferece como horizonte de vida e de renascimento a Nicodemos. A oposição entre céu e terra, entre baixo e alto, entre nascimento e renascimento é o modo que Jesus usa para alargar o olhar e o coração de quantos, com Nicodemos, sentem-se atraídos e, ao mesmo tempo, um pouco perturbados pela Palavra do Senhor. No coração do discurso não está a contraposição, mas muito mais, Através da figura retórica da contraposição, Jesus busca orientar o olhar a um nível não tanto mais alto, mas diverso: «E como Moisés elevou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do homem seja elevado, para que quem nele crer tenha a vida eterna» (Jo 3, 14-15).

A conversa noturna com Nicodemos chega a um ponto crucial: se o primeiro passo é “renascer”, o segundo é crer, e crer naquele que “desceu do céu” (3,13) a tal ponto que aceitou deixar-se elevar como “a serpente no deserto” (3,14) afim de liberar-nos de toda necessidade de subir ao céu, porque ele está, desde então, à altura de nosso olhar, colocou-se no nível de nosso coração, se aceitamos de orientar-nos desorientando-nos de nós mesmos. A palavra que o Senhor Jesus dirige a Nicodemos é um convite a uma fé capaz de mudar realmente desde o profundo da vida, que se deixa marcar e modelar pela ação do Espírito que renova todas as coisas. A capacidade e a decisão dos primeiros discípulos, de colocar tudo em comum, são o sinal de um mundo novo, que brota através de um novo modo de viver as «coisas da terra» como estão «no céu», tanto que ninguém – justamente, ninguém – era «necessitado» (At 4,34). O exemplo de Nicodemos e de Barnabé nos ajuda a não temer interrogar e buscar entender, tornando-nos capazes de escolher de modo simples e eficaz.

Semeraro, M., La messa quotidiana, aprile 2012, 255-257.

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