quarta-feira, 3 de abril de 2013

TP 01 3 O Teu nome é Interno, Aleluia! (At 2, 36-41 e Jo 20,11-18)

Jesus e Madalena no Jardim da Ressurreição, miniatura do séc. XIII.
Quanto é grande, ainda que, cronológica e espacialmente breve, é o caminho que Maria deve percorrer para passar do «lado de fora» e do estar «próxima» (Jo 20,11) ao sepulcro, no qual busca o Amor crucificado, a deixar-se introduzir no interno do Mistério de Cristo, ressuscitado de uma vez por todas. O caminho que Maria vive ao lado do sepulcro é o processo de conversão, do qual o apóstolo Pedro convida os seus ouvintes na manhã de Pentecostes: «Convertei-vos e cada um de vós se faça batizar» (At 2,38), ou seja, aceite de ser enxertado na mesma vida do Ressuscitado. Gostaríamos de aconselhar a Pedro que não insistisse demasiado sobre o passado, visto que as coisas se resolveram da melhor forma possível, até mesmo parece que Jesus de Nazaré nos tenha ganho, já que se pode agora proclamar que Ele foi «constituído Senhor e Cristo» (2,36). Mas a obra de Deus, ainda que magnífica e capaz de regenerar e reposicionar a história, não é suficiente sem o consenso de nossa vontade, que deve necessariamente passar através do nosso assumir as próprias responsabilidades.

Por isso, Pedro, depois de ter exaltado a obra de Deus, recorda – antes de tudo, a si mesmo – aquela dura verdade que pode esmagar ou pode fazer voar: «que vós crucificastes» (2,36). Pela mesma razão, o Senhor Jesus não se revela imediatamente a Maria Madalena e, sobretudo, não se revela por aquilo que esta mulher vê, mas por aquele caminho de consciência da dor e do vazio deixado por Jesus na sua vida, que lhe permite encontrá-lo, recomeçando a escutar, de seus lábios, o seu próprio nome: «Maria!» (Jo 20,16). A pergunta – ou melhor, as perguntas – que são postas a Maria são as mesmas que sentimos ressoar no jardim de nosso coração, onde somos chamados a passar da tristeza do apego à nossa dor a uma gradual abertura, na acolhida de uma alegria inédita e imprevista. Tudo isto nos pede que ultrapassemos a nós mesmos, na verdade de nós mesmos, que nos leva nossa experiência de ressurreição para além, em um dinamismo centrífugo e extrovertido que, do interior de um coração pacificado e curado, se faz dinâmico anúncio, e não um doce intimismo. No pronunciar o nome do Ressuscitado e na resposta de Maria, que o chama «Mestre», existe uma pedagogia que permite passar do impessoal ao personalíssimo reconhecimento recíproco. Ele exige uma justa dose de respeito e distância, e uma acolhida serena daquela ordem que permite à vida dar o seu melhor: «Não me retenhas, porque não subi ainda para o Pai» (20,17). Assim, também, na manhã, aqueles que escutam Pedro se sentem «transpassados no coração» e, somente à partir da consciência das próprias responsabilidades, abre-se um futuro: «Quê devemos fazer, irmãos?» (At 2,37). Se é verdade que a ressurreição não é uma vingança de Jesus sobre aqueles que o rejeitaram até o ponto de crucificá-lo, é ainda mais verdadeiro que a discreta vitória pascal sobre a morte, que nasce da rejeição do amor, não é uma história com final feliz, na qual todos ficam felizes e contentes, mas uma história que exige a coragem de assumir o passado e dirigir-se ao futuro, através de escolhas concretas e exigentes no presente: «Convertei-vos...» (2,38).

Semeraro, M., La messa quotidiana, aprile 2011, 187-189.

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