sábado, 20 de abril de 2013

TP 03 7 O teu nome é Santo, Aleluia!

Cristo, particular do afresco de Masaccio, séc. XVI, Igreja NSra do Carmo, Florença, Itália.
Poderíamos fazer, hoje, uma particular experiência de leitura ao contrário. Começamos da última palavra do evangelho hodierno para chegar, gradativamente, sempre neste sábado do tempo pascal, ao início da primeira leitura. Em um dos mementos mais delicados do quarto evangelho, encontramos, finalmente, a profissão de fé de Pedro, que nos sinóticos é evocada em tempos e circunstâncias diferentes: «Tu és o Santo de Deus» (Jo 6,69). Esta profissão de fé evoca a palavra com a qual o demônio debocha do Senhor na sinagoga, no manifestar-se do poder regenerador de vida da parte de Jesus de Nazaré (Mc 1,24). Aqui, esta mesma expressão tem todo um outro teor. Pedro não debocha e, em um momento de grande crise para o grupo que se formou ao redor de Jesus, eis que se delineia, pela primeira vez, e de modo muito significativo, o referimento aos «doze» (6,67). A estes, dos quais o evangelista João não narra nenhum momento de constituição ou eleição, diferente dos sinóticos, é colocada a questão mais exigente e embaraçante de todo o evangelho: «Quereis ir-vos também?» (6,67).

A liturgia não nos faz ler, neste dia, o outro referimento aos «doze» que se encontra a três versículos adiante desta solene evocação: «Por acaso não vos escolhi eu mesmo aos Doze? E mesmo assim, um de vós é um diabo! Ele falava de Judas, filho de Simão Iscariotes: este, de fato, planejava traí-lo, um dos Doze» (6,70). Tudo isto nos ajuda a compreender, de modo mais profundo, a palavra de Pedro, que reconhece em Jesus, «o Santo de Deus» e, justamente confessando isto, aceita continuar a seguir o Mestre, para aprender com ele a abrir-se a uma santidade difícil. Este tipo de santidade não é simplesmente observância de algum preceito particular ou prática de alguma devoção especial, mas um deixar-se nutrir pela companhia de Jesus, até o ponto de deixar-se transformar completamente, exatamente como faz o alimento que tomamos cada dia, para viver e não morrer. Se continuamos na leitura do texto, encontramo-nos confrontados pela reação dos «muitos discípulos» (6,60). Provavelmente, eles tinham sido entusiasmados pelo gesto da multiplicação dos pães e dos peixes e, ao mesmo tempo, profundamente escandalizados, porque sacudidos e interrogados pela atitude e pelo discurso de Jesus, depois que tinha realizado este sinal: «Esta palavra é dura! Quem pode suportá-la?» (6,60). Parece que o Senhor não esperasse outra coisa, para esclarecer a situação entre eles – ao que parece, não somente eram muitos, mas talvez, até mesmo demasiados – os que continuavam a segui-lo.

Olhemos a primeira leitura, na qual nos parece quase assistir o dinamismo contrário: a comunidade se dilata sempre mais, também por motivo dos sinais realizados pelos apóstolos, e Pedro levanta da morte «Tabitá» (At 9,40) depois de ter alçado de sua «maca» (9,33), Enéas. Mas, a primeira palavra da primeira leitura soa assim: «A Igreja estava em paz» (9,31). Parece que a paz que se vive no interno da comunidade seja o segredo da fecundidade da comunidade. A santidade se comunica e se revela através da paz.

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 207-209.

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