terça-feira, 30 de abril de 2013

TP 05 4 O teu nome é Vinha, Aleluia!

Mural Capela do Colégio Santo Inácio, Salvador BA
O Senhor Jesus fala de si mesmo como a «verdadeira vinha» (Jo 15,1), e ele é a verdadeira vinha na qual todos os discípulos são chamados a dar furto como ramos fecundos que, para serem tais, devem aceitar que sejam não somente cuidados, mas também podados e purificados. Na primeira leitura, os Atos nos recordam um dos momentos mais delicados de toda a história da Igreja, quando o problema da circuncisão exige uma tomada de posição não fácil, e que pede que se coloque em primeiro lugar a fecundidade da vinha, não mais ligada ao sinal feito na carne, mas na circuncisão do coração, assim como os profetas de Israel já tinham muitas vezes anunciado. Intuir, compreender e assumir que alguns sinais – aquele da circuncisão é, certamente, o mais forte ainda hoje para a tradição hebraica – não são mais adequados, e possam chegar a ser, senão de impedimento, pelo menos de enfraquecimento do caminho da fé, é muito difícil e não é automático. Assim também, para a videira e os ramos, carregar a responsabilidade da mútua pertença não é sempre evidente.

Para o ramo permanecer enxertado na videira é questão de vida ou morte, e o Senhor Jesus, comparando-se à vinha, nos diz que ele quer não somente dar-nos a vida, mas dá-la em abundância. Por isso, se faz urgente, de nossa parte, pessoal e todos juntos, compreender quanto seja «necessário» (At 15,5) não «cortar» mas sim, permanecer, de modo a receber a linfa vital, para poder, por nosso lado, dar a vida através dos frutos de uma vida que se doa. O convite é urgente justamente porque é uma questão de vida ou morte: «Permanecei em mim e eu em vós» (Jo 15,4). Neste verbo existe uma noção d fidelidade e de fecundidade, e é justamente este «permanecer» que a circuncisão, sinal para os pais da aliança com Deus, na carne, faz-se sinal bem mais eficaz da aliança de Deus com quem quer que aceite deixá-lo entrar e operar na própria vida, mesmo quando «corta», e sobretudo quando «poda» (15,2).

Permanecer é uma escolha, e é uma escolha exigente e purificante, porque nos liberta da ilusão e da sugestão de uma autonomia, e nos recoloca em um dinamismo e um caminho de profunda e verdadeira comunhão: na realidade, não existe somente a videira, não existem somente os ramos, mas existe também a vinha que, juntos, somos chamados a formar. O olhar a uma vinha em pleno outono não pode ser senão entusiasmante, e mesmo assim, pode arriscar ser estetizante: o que se contempla de tão maravilhoso evoca o trabalho da colheita e o longo tempo de transformação da uva esmagada em bom vinho. Cada vez que nos aproximamos da eucaristia, a linfa divina escorre na nossa vida e a torna sempre mais ligada à própria vida de Cristo, sem a qual somos como ramos mortos e secos que produzem pouca chama, e por isso não servem nem para esquentar um pouco. Um Padre da Igreja exulta diante dos novos batizados e assim exclama: «Cristo, que é a divina vinha, germinou da tumba e produziu o fruto dos novos batizados, como outros tantos bagos de uva na sua Igreja»[1]. Permaneçamos ligados intimamente a Cristo, serenamente em comunhão uns com os outros, e assim o vinho não faltará para ninguém... jamais!

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, 2011, 235-237.




[1] ASTERIO IL SOFISTA, Omelie 14,1.

Nenhum comentário: