terça-feira, 23 de abril de 2013

TP 04 3 O teu nome é Pórtico, Aleluia!

Mosaico no Portal do duomo de Civiltà Castellana, 1210, Itália.
A imagem do «recinto» que nos acompanha nestes últimos dias, parece dar lugar, hoje, á imagem, não menos sugestiva, do «pórtico de Salomão» (Jo 10,23). Justamente quando fazemos memória de como e quando «os discípulos foram chamados, pela primeira vez, cristãos» (At 11,26), somos lembrados que isto não significa, de modo algum, ter medo de abrir-se, ao ponto de fechar-se em um gueto, mas, ao contrário, indica o crescer em uma disponibilidade e ter a coragem, sempre mais audaz, de viver no limiar. A comunidade dos fiéis busca imitar, em tudo, o seu Mestre e Senhor, o qual, mesmo «no inverno» (Jo 10,22) continua a caminhar e passear «no templo», mas não no fechado, e sim «no pórtico» (10,23). E não somente, mas, para os neófitos e para nós mesmos, sermos chamados e sermos cristãos significa ter consciência de uma relação única e profunda, que não fecha, mas continuamente abre e dilata sempre mais a relação, ao ponto de permitir que, no limiar, possamos encontrar os outros e tenhamos a oportunidade de deixar-nos encontrar, serenamente.

O Senhor Jesus afirma solenemente: «Eu e o Pai somos uma só coisa» (10,30) e aqui está a origem do seu ser de todos e com todos, para saber e amar, no pensamento de suas ovelhas, a ideia que «elas me seguem» (10,27) por um motivo simples, mas fundamental: «Eu dou a elas a vida eterna e não se perderão eternamente, e ninguém as arrancará de minha mão» (10,28). A discussão com os judeus não para, ao contrário, se aprofunda. Eles tem finalmente a coragem de lhe perguntar, sem muitos truques: «Até quando nos deixarás na incerteza? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente» (10,24). A resposta do Senhor busca levar seus interlocutores para além das palavras, para abrir-lhes ao acolhimento de uma realidade que é feita de presença, de encontro, de troca... ou seja, de vida: «Já o disse, e vos disse, e vós não acreditais; as obras que realizo, em nome do meu Pai, elas dão testemunho de mim» (10,25).

À luz desta conversa entre Jesus e os judeus, poderíamos buscar compreender melhor que coisa implique o ser «chamados cristãos» (At 11,26). Parafraseando a pergunta colocada pelos judeus a Jesus, não é difícil imaginar aquela que é colocada a nós, como seus discípulos, e que poderia soar assim: «Até quando nos deixareis na incerteza? Sois ou não cristãos?». A resposta a esta pergunta não pode senão fazer referimento, mais que a palavras ou fórmulas, à integridade de uma vida que se deixa inspirar pela lógica pascal de Cristo Senhor. Um dos elementos, não só característicos, mas fundamentais do nosso discipulado, é uma boa dose de «incerteza» que nos torna pessoas em busca, como todos, e que faz de nossa vida, seja a nível pessoal que eclesial, uma realidade de «pórtico». Sob um pórtico nós estamos tanto protegidos como expostos! Unamo-nos no passeio de Jesus, Senhor e Pastor de nossas vidas, mantendo-nos continuamente disponíveis para os encontros e, até mesmo, sermos perturbados. Pois quando se passeia, se presume que se tenha tempo para dedicar não somente a nós mesmos, mas também aos outros.

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 239-241.

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