quinta-feira, 11 de abril de 2013

TP 02 5 O teu nome é Céu, Aleluia!

1262 թ., Baltimore, Walters Art Gallery, Ms. W.539, fol. 109v

No seu diálogo com Nicodemos, o Senhor Jesus retoma, com outras palavras, o que já tinha dito ao cético Natanael: «E vereis o céu aberto e os anjos subirem e descerem sobre o Filho do homem» (Jo 1,51). Justamente falando a Nicodemos, o Senhor se refere à sua origem para abrir o seu coração a um acolhimento mais amplo, mais dilatado, mais verdadeiro do seu mistério: «Aquele que vem do alto está acima de todos» (3,31). Disto, parecem estar plenamente conscientes os apóstolos, os quais não tem nenhum tempo de reivindicar, diante do temível sinédrio, a própria liberdade de consciência no sentir a necessidade de testemunhar, com a ressurreição do Messias crucificado, um novo modo de sentir e de viver a própria relação com Deus: «É necessário obedecer a Deus mais que aos homens» (At 5,29). Esta palavra de Pedro não é um mero e ingênuo protesto, ou uma antecâmara de uma forma anárquica e relativista de viver o próprio caminho de fé, mas muito mais, a revelação de um incremento de manifestação, acontecido no próprio mistério pascal de Cristo, que exige, certamente, uma profunda conversão: «E destes fatos somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem» (5,32).

O mistério pascal traz a plenitude do mistério da Encarnação, e por isto, faz da terra um céu, e da história um aperitivo do Reino de Deus, que vem, porque «Aquele, de fato, que Deus mandou, diz palavras de Deus: sem medida ele dá o Espírito» (Jo 3,34). Poderíamos entender tudo isto como a negação de toda mediação à favor de um acesso direto de cada fiel à relação com o seu Deus, mas talvez, mais exatamente, é um modo novo de conceber e de viver a graça da mediação, sem que ela se degrade em abuso: «Ao ouvir estas coisas eles se enfureceram e queriam mata-los» (At 5,33). Seja a palavra que Jesus dirige a Nicodemos, pedindo-lhe que renuncie as pretensões de seu cargo e retome humildemente o caminho de um verdadeiro renascimento, sejam as palavras de Pedro, dirigidas aos membros do sinédrio, atestam que a obediência da fé e na fé dizem respeito a todos nós, e exige uma autêntica atitude de radical obediência, cujo primeiro passo é a renúncia ao poder como fechamento às exigências mais verdadeiras de conversão, que são válidas sempre e para todos.

Alguma coisa de novo, de profundamente novo, aconteceu com a ressurreição de Jesus dos mortos. Agora, o «testemunho» (Jo 3,32) não é mais identificável como um comentário, mais ou menos aprofundado e enriquecido das Escrituras, mas da relação viva e vital com o mistério da pessoa de Cristo, que se faz lugar de interpretação e de contínua encarnação do que as Escrituras revelam, sem nunca desvelar inteiramente. Obedecer, pois, não é mais um simples conformar-se e submeter-se, mas um verdadeiro e sempre crescente processo de conhecimento e amadurecimento. Não é por acaso que, no capítulo sexto de João, Jesus se definirá como «pão descido do céu» (6,41). O desafio pascal consiste em entrar no mistério da obediência do Filho ao Pai, e que fez sua a paixão de amor pela humanidade, até o ponto de assumir o peso da rejeição e da cruz. A «ira de Deus» (3,36) é aquela que se revela em Jesus, que se dá «sem medida» (3,34), e não na fúria dos fariseus e dos saduceus, que ultrapassam toda medida no defender o seu mundo e o seu modo de viver.

Semeraro, M., La messa quotidiana, aprile 2012, 275-277.

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