sábado, 27 de abril de 2013

TP 04 7 O teu nome é Extremidade, Aleluia!

Envio dos apóstoles às extremidades da terra, Mural superior, Umbertide, Itália, 2001.
Paulo toma, cada vez mais adequadamente, consciência da sua missão, e nos ajuda a ter sempre mais clareza sobre aquela que é a missão da Igreja como comunidade de fiéis: «Eu te coloquei para ser luz das gentes, para que leves a salvação até as extremidades da terra» (At 13,47). Trata-se não somente de se luz, mas de saber apontar a luz para que ilumine longe, iluminando um raio o mais amplo possível. Pode-se colocar a lanterna sob os próprios pés e não ver, na realidade, nada e ninguém, mas podemos usá-la para apontar para longe e descobrir novas presenças e abrir-se a novos encontros. Uma comunidade de fé que tem medo das «extremidades» arrisca não ser mais a Igreja de Cristo. Na primeira leitura de hoje somos colocados diante do próprio risco de perder o contato com a amplidão do dom da fé. O inestimável dom que recebemos nos impele a ser não guardiães que excluem, como se fôssemos “leões de chácara” ou os encarregados da segurança. O papel deles – e muitas vezes a sua glória e orgulho – é deixar a maior parte das pessoas de fora e deixar entrar somente uma mínima parte de privilegiados.

Este papel os faz sentir – um pouco pateticamente – mais próximos dos poderosos que eles deixam passar, sem darem-se contas de que, na realidade, estão mais próximos a quem, com tanta violência, não deixaram entrar, ao ponto de empurrá-los para fora. Não é assim para os discípulos do Ressuscitado, chamados a ser facilitadores e não porteiros rígidos e intransigentes. A evocação das «nobres senhoras piedosas», unidas aos «notáveis da cidade» que «suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram de seu território» (13,50) perturba, justamente, o sono de nossa boa consciência. O perigo é que nós – justamente nós – arriscamos ser como eles e não como Ele! Frequentemente nos colocamos em defesa de nossas amadas fronteiras interiores e exteriores, esquecendo assim o apaixonado dever de não só testemunhar até as extremidades da terra, mas de sermos capazes de evangelizar as extremidades de nosso coração, até atingirmos os extremos confins dos corações de todos. Poderemos assim intuir melhor que coisa podemos e devemos pedir, em obediência à exortação do Senhor Jesus, que ainda uma vez repete: «Quem crê em mim, também ele realizará as obras que eu realizo e realizará outras maiores que estas, porque vou para o Pai», e acrescenta: «E qualquer coisa que pedireis em meu nome, eu a farei, para que o Pai seja glorificado no Filho» (Jo 14,12-13). Estas palavra são a reação do Senhor Jesus à súplica de Felipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e basta» (14,8). A resposta do Senhor parece dizer que não basta e não deve bastar nunca. A graça da fé que recebemos é um convite constante a «extremizar-nos» continuamente, para dilatar, sem nunca estreitar, a luz do evangelho, que é para todos. Ai de nós se encolhermos o evangelho!

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 275-276.

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