sexta-feira, 26 de abril de 2013

TP 04 6 O teu nome é Realização, Aleluia!

Cristo eixo do universo, Mausoléu de Gala Placídia, Ravena, séc. VI
Cara estrela, cada um de nós, tem seu lugar junto dele, garantido!
Paulo não teme proclamar, com uma certa insistência, alguma coisa que certamente não podia ser indolor aos seus ouvintes: «Os habitantes de Jerusalém, de fato, e os seus chefes não reconheceram Jesus e, condenando-o, cumpriram as vozes dos Profetas que se leem todos os sábados» (At 13,27). O «cumprimento» parece passar através da negação e da rejeição, mas se poderia dizer que isto não é indispensável, mesmo se muitas vezes, parece inevitável. Mesmo assim, esta palavra do apóstolo é muito importante, porque nos dá a possibilidade de não deixar-nos esmagar e desanimar pelas nossas próprias resistências à graça, transformando-as, assim, em autênticas ocasiões de graça. Paulo, com aquela paixão que o caracteriza, conclui dizendo que «a promessa feita aos pais se realizou» (13,32). Esta palavra é capaz de abrir-nos à esperança, porque podemos crer e esperar que, não obstante tudo e através de tudo, o desígnio de Deus vai se realizando na nossa existência e naquela de nossos irmãos, e então esta realização acontece apesar de nós e através de nossas próprias debilidades e resistências.

A palavra do Senhor Jesus, de particular ternura, não faz senão confirmar-nos na esperança de estar em um processo que conhecerá a sua realização: « Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mi, também. Na Casa do meu Pai existem muitas moradas» (Jo 14,1-2). Em outras palavras, tem lugar para todos e talvez, ainda mias significativamente, existem vários modos para levar a cumprimento aquela graça que nos habita incondicionalmente, e bem mais profundamente que nossa percepção sensível. O Senhor não nos diz: «Eu digo a verdade». Mas diz de si mesmo: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (14,6). Isto ressoa como um convite a aceitar compartilhar a aventura de um caminho, na certeza que ele chegará a uma realização, a qual, na verdade, já se realiza no presente de uma comunhão radical: «Eu vos tomarei comigo, para que onde eu estiver, estejais também vós»(14,3).

O nosso caminho, através dos dias da alegria pascal, torna-se, para o discípulos que somos e que estamos nos tornando, esperança de futuro; ele é marcado por um horizonte claro e desejável, que é a comunhão com o Cristo ressuscitado, a qual nos permite reatar todas as relações quebradas e feridas da nossa história. Diante de nós está, pois, um futuro assinalado pela esperança de poder se reencontrar, e de realizar o projeto de comunhão e de recíproca pertença. Esta certeza é o que pode dar ao nosso passo um caminhar mais sereno e alegre, pelo motivo de uma promessa amorosa que nos acompanha e nos atrai: «Vos tomarei comigo!». A pergunta de Tomé é legítima: «Senhor, não sabemos onde vais; como podemos conhecer o caminho?» (14,5). Na realidade, o que o Senhor nos revela através da figura do «onde» é o «como» de uma vida que se torna já aromatizada pelos perfume da ressurreição. Trata-se de começar a fazer exatamente como o Mestre: tomar conosco cada irmão e irmã que encontramos no caminho e transformar a história em uma caravana de esperança. Se pensamos bem, é verdade: «A promessa feita aos pais se realizou» (At 13,32).

Semeraro, M., Messa Quotidiana, Bologna, aprile 2013, 265-267.

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