quinta-feira, 4 de abril de 2013

TP 01 5 O teu nome è «Mas», Aleluia!

Aparição aos Apóstolos e S. Tomé, Rolo do Exultet, séc. XII.
No coração do evangelho da ressurreição de hoje, que nos permite fazer um passo ulterior na compreensão e no acolhimento do Mistério Pascal do Cristo Senhor, encontramos esta nota do evangelista Lucas, que nos dá – como frequentemente acontece no seu evangelho – uma espécie de “close” sobre os apóstolos recolhidos no cenáculo, sob o duplo choque da morte de seu mestre e da sua pressuposta ressurreição: «Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estava muito alegres e surpresos...» (Lc 24,41). O bispo Agostinho assim comenta este momento, no qual o Senhor se encontra em meio aos seus discípulos, que não conseguem escolher entre o susto da morte e aquele – ainda maior – da perturbação da ressurreição: «Eis, a paz é a saudação da Salvação. Quê de melhor pode acontecer senão que a mesma Salvação venha saudar o homem? Do sepulcro, porém, Cristo ressurge com as feridas curadas, mas conservando as cicatrizes. Julgou, de fato, que fosse útil para os seus discípulos que fossem conservadas as suas cicatrizes, porque, por elas fossem curadas as feridas de seus corações»[1]. O mesmo bispo de Hipona se pergunta, e ele mesmo dá a resposta: «Quais feridas? As feridas da incredulidade». Poderíamos radicalizar a questão levantada por Agostinho e perguntar-nos, enfim: «O que nos custa mais acreditar: a morte ou a vida, a dor ou a alegria?».

A resposta, se for honesta, não é tão fácil. Habituados como estamos em deixar-nos convencer que a vida seja uma espécie de gincana feita de contínuos obstáculos a superar, é claro que nos é mais difícil acolher os sinais que dão às fadigas o fruto de uma alegria muito maior do que aquela que achávamos merecer. Neste sentido, a palavra que Simão Pedro dirige aos seus ouvintes, como comentário à cura, recém realizada, junto à Porta Bela do Templo, do paralítico que todos conheciam e que muitos ajudavam e socorriam na sua enfermidade, é iluminante. Esta palavra pode ser relida como um forte convite à viver uma conversão à alegria, que muitas vezes nos parece não somente difícil, mas até mesmo, um pouco perigosa, porque potencialmente ilusória: «O nome de Jesus deu vigor a este homem, que vós vedes e conheceis; a fé que vem dEle deu-lhe a perfeita cura, na presença de todos vós» (At 3,16). Os discípulos, talvez, estivessem planejando a sua vida à partir da morte do Senhor Jesus, como o paralítico estava habituado a ir, todos os dias, a pedir esmolas junto do Templo que, compreensivelmente, tinha se tornado o seu mundo, feito de ritmos, horários, de encontros conhecidos, aos quais se podia acrescentar alguma rara pequena novidade, como podia ser a passagem de Pedro e João... mas, como pensar que a morte e a paralisia não sejam irreversíveis? Também hoje, ainda hoje, o Senhor busca abrir a nossa «mente, para que compreendamos» (Lc 24,45) o que já o salmista magnificamente se pergunta: «Quem é o homem para que dele tu te recordes, o filho do homem, para que dele cuides?» (Sl 8,5). Mas é justamente assim: Ele cuida de nós! Fra MichelDavide Semeraro OSB, Messa quotidiana – aprile, Bologna 2010, 154-156.
[1] Agostino, Discorsi 116.

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